terça-feira, 19 de abril de 2011

Minha Mãe e a Magia da Torrada

Hoje resolvi visitar o sótão da minha história, e tomei nas mãos um diário póstumo, onde fiz das palavras minhas amigas, e pincelei confidências com as cores que a vida deu ao meu coração.
Logo no começo deste passeio nostálgico, encontrei uma receita que aprendi com a minha mãe, e não sei se lhe foi passada pela minha avó ou se a encontrou folheando um livro de receitas. Mas a forma como criava a mistura e ordenava os ingredientes, foi para mim um espetáculo de tanta magia, que o relembro ainda, sentindo-me uma criança que aplaude o mágico ao vê-lo tirar da cartola borbulhantes aromas.
Reproduzo aqui o pequeno trecho, na tentativa e intenção de compartilhar esse momento de magia!

"Não tive pão fresco todas as manhãs, nem sempre tive a manhã para colocar pão fresco, mas com certeza tive, nos momentos certos, pessoas que me ensinaram a improvisar, a recriar cada momento.
Aprendi com a minha mãe, a brincar com sabores e texturas em cima de um pedaço de pão. Quer experimentar? Venha comigo!
Corte um filão ao meio (longitudinalmente). Eu já liguei a torradeira! Pode colocá-lo lá até que fique dourado e crocante? Por favor, pegue a manteiga, (manteiga, não margarina), observe-a deslizando sobre o miolo, e como ele a bebe, sedento. Espere, não o leve à boca ainda! Deixe-me polvilhá-lo com açúcar, canela, e respingar umas gotinhas de limão. Agora sim! Traga lentamente sua mão! Não se apresse! Dê-lhe o ritmo da sua percepção dos nuances que não se quebraram na mistura, e perceba-os democraticamente soberanos. Dê o tempo que for necessário à linguagem de cada um dos sentidos, e depois, saboreie... saboreie...saboreie!"

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