Desde menina, de vez em quando (ou quase sempre) me dava conta desatenta aos sons e imagens do mundo, mergulhada num universo feito de brisas perfumadas. Sempre foi (e ainda é) o hálito da chuva beijando a terra, num beijo feito abraço, o meu cheiro preferido (sem falar, o sopro quente da pele dos meus filhos). Mas não há como esquecer o dia em que me soltei da mão da minha avó, puxada pelo aroma que se desprendia, lá atrás, de algum lugar, na banca de folhas verdes. O encanto fez meu vestido de menina rodopiar! Na terceira tentativa, ainda com o pequeno maço encostado ao meu nariz, pude ler a plaquinha onde estava escrito “manjericão”.
Desde então não resisto a um ramalhete destas folhinhas perfumadas!
Para quem não lembra, o manjericão é aquela erva aromática colocada sobre a pizza Margherita, junto ao tomate, muçarela e azeite.
Foram os povos egípcios quem, ao perceber que certos arbustos liberavam aromas agradáveis, ao serem queimados, passaram a utilizá-los como perfume. Aos poucos se descobriu suas funções medicinais e sua contribuição ao sabor dos alimentos.
Originário da Índia, o manjericão é um arbusto que chega a atingir 50cm de altura. Suas folhas (de onde se desprende o sabor doce e picante) têm uma forma semelhante à do coração (foi considerado símbolo do amor, na Itália, e do luto, na Grécia) e suas pequeninas flores vão da cor branca à púrpura.
O manjericão nos envolve e nos toma a atenção dos sentidos!
A cineasta Lina Wertemuller, olhar crítico e sensível sobre a sociedade italiana, que o diga! Em 1986 ela lançou o filme Noite de verão com perfil grego, olhos amendoados e cheiro de manjericão.
Experimente! Inebrie-se, entregue-se, sorria aromas manjericais!
Já cantava Clara Nunes:
ResponderExcluirEu vou me banhar de manjericão
Vou sacudir a poeira do corpo batendo com a mão
E vou voltar lá pro meu congado
Pra pedir pro santo
Pra rezar quebranto
Cortar mau olhado...
E falando em Banho de Manjericão, você "deu um banho" ao falar dele.
Muito aroma de manjericão em sua vida.